A minha amiga Sandra tem um bebé com 7 meses e passou os primeiros 3 meses em desespero, sem dormir e atormentada porque o bebé não parava de chorar. Fome? Cólicas? Fraldas? Sono? Indisposição? Arroto? Há milhares de anos que as mulheres têm este desafio: o de conseguir entender, pelo ritmo, volume e tom de voz de um bebé o que ele tenta comunicar… Já ouviste um bebé chorar? Consegues perceber o que tem ele? A Sandra consegue. Três meses de treino intensivo a recapitular, pacientemente, milhões de anos de aprendizagem.
Esta é a minha teoria não-científica da intuição feminina, acabada de formular.
A tua mulher não ficou chateada por chegares atrasado. O teu olhar, a tua voz , o teu corpo dizem-lhe mais do que ela reconhece. Naquele momento, ela reconheceu o teu inocente atraso: uma excelente oportunidade para descarregar o desconforto de algo que pressente mas não sabe o quê. Se soubesse sempre seria mais fácil, pelo menos não seria atingida pelo desespero. Mas apesar de já poderes usar da palavra, não o vais fazer, pois não? Até porque, para piorar tudo, talvez nem tu saibas bem o que é… apesar de já poderes usar da consciência. E depois, é certo e sabido, que as mulheres são umas complicadas e os homens uns autênticos bebés e isso é suficiente para se ir vivendo.
Complicado? Tanto como acalmar um bebé. Tanto como sabermos quem somos, o que queremos ou o que sentimos.
Mas, se tivermos sorte e vontade de viver, à conta disto, acabamos por passar uns quantos meses de angústia a tentar perceber, pacientemente, “o que afinal correu mal?”.